quinta-feira, 7 de abril de 2011

Marinho Pinto

O Bastonário cabe à tira neste blogue e olhem que cabe cá muita coisa, sempre gostei dele, gordinho mas dinâmico, inteligente mas sem problemas em levar a luta para a lama se necessário.
É o Marinho Pinto, Bastonário (vem de bastonada, só pode) da ordem dos advogados e o Álamo de honestidade e de franqueza neste país, é o Marinho Pinto quem ainda os tem no sitio para dizer o que deve e quando deve, algo perigoso em Portugal.
Até há pouco tempo, este era um lugar ocupado por uma verdadeira dinastia de chuchas, apoiados nos grandes escritórios de advogados de Lisboa e Porto, que não faziam mais que olear o sistema existente. Então aparece o Marinho e arregimenta todos os advogados sem voz e sem poder (e sem €€€) e toma quase de assalto a posição de grande bastoneiro.
O Dr. Marinho Pinto, contra a ordem natural do nosso país, usou o cargo para as suas funções normais, denunciando primeiro a máfia dentro da própria profissão e depois atacando o mega tumor corporativo que é o sistema judicial português, o enriquecimento ilícito dos detentores de cargos públicos, a postura dos Juízes etc. etc.
O sistema, claro, activou as baterias de defesa, apoiado nos amigalhaços dos media, começou o bombardeamento, “é um populista”, “é um demagogo”, “é gordo”, nada lhe foi poupado.

O Professor economista, e homem de poucas palavras, frugal e discreto, muito se conteve na tomada de posse do bastonário. Pois é, parece que nos esquecemos dos gloriosos anos 90, onde o professor e o país escancarou a bocarra à massa europeia.
Como estamos nós 20 anos depois? Mal pelo que parece, mas poucos o dizem, pelo menos como o Marinho Pinto.
Um homem começa uma carreira como funcionário público e acaba rico? Em Portugal é possível. Uma obra pública derrapa 100 milhões de euros? Uma mera nota de rodapé num jornal.
Não existe classe política nem poder económico, nem “sistema”, são meros reflexos nossos como povo, lamento desiludi-lo Dr. Marinho.
O sistema não está podre e o país não tem nada de mal, é o mesmo desde sempre, nós portugueses é que parimos o sistema, saiu-nos das entranhas, da indiferença, da preguiça, do deixa andar, é o nosso filho bastardo que voltou para casa. O país? O único problema que tem é estar cheio de portugueses.