segunda-feira, 23 de maio de 2011

Dia da despesa Nacional - tragédia em vários actos

Acto I - O Fim do Império

" O Reino Unido vai empreender uma série de medidas de auteridade que fazem as nossas parecer uma brincadeira (83 Biliões de Libras em Poupanças) afectando quase todas as áreas do estado, mas com enfoque nas forças armadas.
Para terem uma ideia, vão abater o principal porta aviões da frota, suspender a 10 anos os projectos de aviões caça (usando emprestados franceses) entre outros.
Já vários generais ingleses vieram a público denunciar certas situações verdadeiramente degradantes, tais como o facto da Inglaterra já não ter condições para se defender a sí própria quanto mais estar no Iraque e Afeganistão, e não são os únicos, já há alguns anos, vários oficiais Americanos enxovalharam os ingleses quando disseram que o seu equipamento e técnica militar metiam dó de tanto ultrapassados que estavam, só para não falar do facto de não contarem com eles para as principais missões. Tudo isto é reforçado com as notícias acerca de os soldados ingleses não terem apoio áreo no Iraque e Afeganistão , já que não há dinheiro para o combústivel.
A inglaterra é uma potência militar desde a idade média e é um triste e inglório final para estas forças armadas, que defenderam sozinhas a europa de Hitler.
Por fim, certos analistas, comparando o investimento colossal da China nas forças armadas nos proximos anos, não têm qualquer dúvida que esta fará gato sapato da inglaterra em questões geopolíticas. "

Para mais informações:
http://www.bbc.co.uk/news/uk-politics-11570593

Escrevi este texto há uns meses sobre as medidas de austeridade na Inglaterra e como estas afectaram as suas forças armadas. Umas das maiores potências mundias iniciava então o seu grande passo atrás ao nível de capacidade militar.


Acto II – O Império que já morreu mas que ainda não sabe

Ao contrário dos bifes, um certo país no canto da Europa e quando se adivinhava uma catástrofe financeira decidiu no meio de um processo, assim para o estranho, adquirir (ou liquidar) 2 submarinos...Alemães!
Dizem os especialistas que nos fazem falta, e eu acredito, mas às crianças etíopes também faz falta uma boa alimentação e escolaridade, contudo não há dinheiro para isso.
O relatório da embaixada americana, sobre uma outra compra nossa de material de guerra, disse sobre as nossa forças armadas aquilo que todos sabem, mas na sombra de Abril, têm medo de dizer.
Temos uma estrutura militar indigna de um país ocidental, invertida, com chefias carreiristas, caras e inúteis.
Estará o António contra as FA? Nunca! Qualquer nação, e em concreto a nossa tem o dever de ter umas boas FA, de as manter e contribuir para o seu desenvolvimento.
São uma peça fundamental na nossa identidade, história, protecção e dignidade, e ao contrário de espíritos mais revolucionários, acredito que têm um lugar importantíssimo na sociedade portuguesa.
O problema são estas forças armadas que temos, cheias de privilégios que de forma alguma querem abdicar e com um medo e resistência inaceitáveis à mudança.
Basta uma pequena medida adversa e lá vêm os generais com as suas ameaças nas entrelinhas, “cuidado com as chefias descontentes”...”existem muitos jovens oficiais revoltados” etc.
Quem tem armas manda, é assim desde a alvorada do homem e nada mudou. Claro que para acalmar o povo, temos como chefe máximo das FA, um civil, o nosso Presidente, contudo, não creio que o Professor guarde uma pistola no casaco. Por isso não foram raras as vezes que o políticos deram o dito por não dito, nenhum quer ligar o rádio de manhã e ouvir a “Grândola Vila Morena”.
Há 37 anos atrás os nossos militares derrubaram a ditadura e a eles devemos muito do que temos hoje, mas 37 anos nos tempos que correm, valem tanto como a Restauração, e se é importante não esquecer a história, também é importante seguir em frente.


Acto III – O Dia da Defesa Nacional

O Exército Português debate-se actualmente com um grande problema ao nível dos voluntários, já que ninguém hoje em dia “quer ir à tropa”, até porque também não é obrigatório como o era dantes.
Diminuiu assim a quantidade e qualidade dos mancebos(as), que dada a elevada oferta que existe hoje em dia ao nível de formação, a carreira militar não parece assim tão atraente, até porque, apesar de haver o espectro do desemprego na sociedade civil, também os vínculos das forças armadas são precários, e o filet mignon já está todo entregue (ver parte II). Além disso a malta nova gosta de uma boa farra e com as botas da tropa não dá muito jeito.
O Exército fez o melhor que pôde ao nível das relações publicas e criou há alguns anos o dia da defesa nacional onde convoca os jovens, com especial atenção para o sexo feminino, para um dia de actividades militares, num ambiente festivo, esperando assim captar alguns voluntários.
Na minha opinião trata-se de uma excelente medida e uma demonstração de modernidade onde normalmente não há nenhuma, contudo e infelizmente na edição deste ano ocorreu uma tragédia.
Morreu uma jovem de 18 anos numa das actividades deste dia, e apesar de acreditar que se tratou de um lamentável acidente, o Exército já pôs os pés pelas mãos e pode ter causado danos irreversíveis nesta iniciativa, primeiro porque se fechou em copas sobre o sucedido e apesar de ter visitado a família da vítima, devia ter logo tomado a iniciativa de falar com os media, que previsivelmente estão a fazer um festim canibal com o sucedido.
A abordagem aos pais não foi a melhor, que agora pretendem agora o recurso à lei e o exército em resposta barricou-se atrás de decretos lei, e obrigatoriedades.
A morte de um jovem rapariga, o perfil que o Exército pretende recrutar, vai ter consequências nas futuras candidaturas e a última coisa que o EP devia fazer era dizer algo como “ a ida ao dia da defesa é obrigatória e tal”, não lhes serve, porque apesar de ter sido um acidente, deveriam ter tomado todas as precauções que uma coisa destas nunca acontecesse, e acontecendo, uma postura humana e desprovida de leis e burocracias, teria feito muito mais para mitigar os efeitos deste infortúnio.
O vortex devorador de euros que é o nosso exército, comilão de regalias, subsídios, contratos corruptos, com mais generais que soldados, não consegue ter a merda de um arnês em condições, e após terem destruído uma vida de 18 anos, ainda têm o descaramento de dizer que ela estava lá porque era obrigada. No seu site nem uma palavra. Nem uma comunicação aos meios de informação.
No futuro as forças armadas só terão degenerados, analfabrutos cuja opção é entre ir para a tropa e dormir debaixo da ponte. Só os menos qualificados, os maus, os assim assim, os ex qualquer coisa má, é que terão disponibilidade para vestir uma farda, e nesse dia, o dia da defesa nacional, não será mais do que o dia da despesa nacional, e então ao contrário do que disse, talvez estejamos melhor sem eles.