quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O Talhante, o Génio e o Trabalhador

Na minha sitcom favorita, o Seinfeld, várias histórias pararelas uniam-se no final para uma grande sessão de risadas, como conseguia Larry David, fazer com que situações tão distantes se fundissem de forma tão perfeita, criando do melhor humor que alguma vez se fez, foi algo que sempre me fascinou.
Estando tão distante do Larry David em termos de escrita e sendo este texto pouco humiristico tentarei encontrar um ponto de encontro para o três personagens do título, pedindo desde já desculpa ao caro leitor, pois estes difícilmente terão o elan do Kramer ou do George, pervetendo assim o resultado final.

Imaginação.
Tanta falta nos faz e como é menosprezada! Inteligência, astúcia, “jeito para o Negócio”, beleza, tantas vezes a ultrapassam na fila das qualidades, alías nem sempre é vista como tal, pois a um sujeito com imaginação também se pode colar,a distração, incapacidade de se concentrar etc.
Mas faz-nos muita falta, é preciso imaginação para ser Mozart, compositores bons havia muitos, é preciso imaginação para fazer com que uma mulher nos ame durante 40 anos, é preciso imaginação para ser um bom pai, um bom filho, um bom criminoso.
Apesar de aparentemente destoar, a imaginação faz muita falta ao Ministro das Finanças. O senhor apelidado de técnico competente pelo jornais, de cara pequena e ar eficaz, tem uma grande falta dela!
Qualquer um muda o IVA da electricidade, qualquer um corta nos abonos, são medidas de Talhante, é como dar pontapés num gajo estendido no chão. É preciso imaginação para encontrar receitas em locais insuspeitos, os alemães tributam as prostitutas, os franceses tributam os ricos, os portugueses cortam nas pensões.
Como a imaginação do nosso ministro não nos permite tributar os ricos, eles continuam a ser cada vez mais ricos, ou cada vez mais trabalhadores, como diz o Sr. Américo Amorim, ou homem mais rico ou trabalhador, como se chama agora, do nosso país.
Não existe nenhum senhor rico/trabalhador no nosso país, cuja fortuna não tenham uns quantos episódios circenses na sua origem, são uns golpitos nas ex-colónias, são uns dinheiros que passaram de um lado para o outro, são uns sócios que levaram uns tiritos misteriosos.
O Liberalismo de Weber só serve os nossos ricos/trabalhadores a certos dias da semana, porque nos outros anda-se de mão estendida para os “subsídios”, “apoios”, “fundos”, que o Estado malvado e gordo vai adiantando.
Fazem-nos falta os Ricos? Sim e muito, ricos que criam, ricos com imaginação.

Existe um desses, cuja vida se diz estar a chegar ao fim, chama-se Steve Jobs e é um rico/trabalhador como o sr. Amorim, mas aí terminam as parecenças. Steve Jobs é um Génio do nosso tempo, e acima de tudo um homem com imaginação, faliu empresas, falhou, perdeu amigos, mas mudou a nossa vida, criando algo novo.
Seria mais fácil para ele ser um talhante como o nosso ministro das finanças? Se calhar. E esconder-se na capa do rico/trabalhador? Talvez. Mas não foi nada disso.
Gostava de ter chegado à parte em que me desato a rir, como nos velhos episódios da minha série, mas não vai dar, esperam-me alguns anos sob as medidas do talhante com a conivência do trabalhador, quando ao génio, esse já não estará cá.

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