quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O roubo do século?

Vamos todos morrer! 10.000 mortos previstos só em Portugal! Plano de contigência! Campanha de vacinação mundial!
Quem não se lembra destas frases nos media, de um passado tão recente e ao mesmo tempo tão distante, o terror que se aproximava, a tenebrosa gripe A.
Escolas fechadas, conferências de imprensa com o Sr. Francisco George (o delegado de saúde com um ar fofinho), as reportagens, a emoção!
Agora que a poeira, assentou, lá vem o inevitável saldo, ou seja nada, a montanha pariu um rato (constipado), morreram meia duzia de infelizes, e outros tantos por esse mundo fora, mais ou menos 2 meses de acidentes nas estradas portuguesas.
Começa agora a época da caça ao culpado e todos os dedos apontam para a indústria farmacêutica, os media reposicionam-se e agora em vez de profetas da desgraça, são os defensores do erário público, os juizes que condenam o chamado roubo do século.
Ao contrário do que é a opinião geral, não creio que a culpa seja da indústria farmacêutica, então quem é que queimamos na fogueira?
Os governos? Claro que não, foram levados na onda populista, e não tiveram outra hipotese senão a compra massificada de vacinas.
Qual era o primeiro ministro ou presidente que queria ficar conotado como o sovina que não comprou um zilião de unidades do Tamiflu?
Os laboratórios? Sem dúvida que pressionaram os primeiros a comprar as vacinas e com isso ganharam milhões, mas não foram eles que criaram a necessidade paranóica das mesmas.
Então foram os media! Nada disso, os media divulgaram aquilo que os verdadadeiros culpados queriam ouvir e ver, sim porque o culpado é você caro leitor e eu, e todos nós.
Os culpados são toda a população mundial, em concreto a dos países desenvolvidos, uma populaça paranoica, alarmista, assustadiça, crédula e medrosa.
Pais aos gritos à porta das escolas, homens e mulheres adultos que entupiram as urgências dos hospitais ao primeiro espirro, e aos quais todos os canais de tv e jornais deram o maior protagonismo.
Gostamos de pensar que estamos muito evoluidos, mas por vezes não passamos de chimpazés com telemóveis e internet, pensamos que os tempos da "coisa má" ou do "ar que lhe deu" já fazem parte do passado mas continuamos igualmente estupidos, com a agravante que agora temos acesso a muita mais afirmação e tinhamos a obrigação como sociedade de ter feito muito melhor.

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