terça-feira, 20 de abril de 2010

A morte da Sra. Miep

Em Janeiro deste ano faleceu aos 100 anos, a Miep, que para quem não sabe era uma Sra. Holandesa imortalizada no livro "Diário" de Anne Frank.
Os Frank eram judeus que viviam na Holanda ocupada, e estando iminente a sua captura e envio para um campo de concentração, esconderam-se ("mergulhar" era a expressão utilizada no livro) num anexo do escritório do Sr. Fank, onde permaneceram durante alguns anos, juntamente com alguns amigos até à sua denuncia e captura por parte da polícia Nazi.
Durante a sua permanência no anexo os Frank foram ajudados pelos seus antigos funcionários, entre eles a Miep, uma jovem na altura que lhes levava mercearias e outros essenciais, já que eles não podiam sair.
Após a sua captura, os Frank e todos os outros ocupantes foram mortos (incluindo a autora do livro) com a execepção do Sr. Frank, também o Diário de Ane Frank sobreviveu à bestialidade alemã e holandesa, já que a Miep o encontrou e conservou até à sua publicação.
Esse mesmo Diário, foi um dos testemunhos mais importantes do Holocausto, e que se manteve até aos nossos dias, no entanto mais do que nos livros, no papel, nas fotos ou nas filmagens, os testemunhos vivem nas pessoas reais, e agora com a morte da Sra. Miep, já não resta nenhuma testemunha viva das atrocidades cometidas contra os Frank e contra tantos outros judeus holandeses.
Em janeiro de 2010, eram as notícias da Gripe A e as notícias de Crise, no entanto nenhuma me preocupou tanto como a morte desta senhora.
A cada dia aparece um novo canalha a negar o holocausto, a pedir uma revisão da história e a contestar o que não pode ser contestado. Cada vez são mais, cada vez aparecem mais e um dia temo que lhes seja dada razão.
Enquanto pessoas como a Sra. Miep foram vivas, estes homenzinhos asquerosos eram esmagados pelo peso do testemunho vivido, a sua voz desvanecia-se perante a existência de alguém que os podia olhar de frente e desarmar quaisqueres que fossem as suas alegações. Tal já não acontecerá mais.

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